quarta-feira, 28 de abril de 2010

Se le portê estiver fechê, pule por riba.


Atendendo a pedidos da leitora Pat, vou contar um pouco da minha odisséia francófona.
Era uma vez, um menino cujo pai adorava idiomas estrangeiros. Quando tinha cerca de 10 anos, o pai lhe ensinava as cores em francês e algumas palavras como table/mesa, chaise/cadeira e crayon/lápis. Isso lhe rendeu até uma piada do avô que, muito bem humorado, inventou essa mistura de francês com o dialeto cearense só para dizer que é muito fácil: Se le portê estiver fechê, pule por riba/se o portão estiver fechado, pule por cima. (nota do tradutor: Eu já não tenho cores para pintar tanto dialeto maluco!). Mais que algumas palavras, este menino ganhou uma boa base fonética, e também um gosto forte por idiomas. Sabem como é, né: Filho de peixe não morre afogado!
Aprendi o inglês e o espanhol (ou portunhol) porque são, ou melhor, eram os idiomas mais presentes no meu estudo e trabalho. Porém, o gosto por francês sempre esteve lá e depois da obrigação, comecei a estudá-lo por satisfação pessoal, sem pretenção nenhuma. Então, nas minhas poucas horas vagas, aprendia sozinho via Internet e assistia a TV5, embora não entendesse P.N. (Tradução politicamente correta: Praticamente Nada). Reconhecia palavras, mas não dava para encadeá-las nas frases para pegar a ideia toda. Para falar, era a mesma dificuldade.
Eis que, precebendo que a Mônica chegaria no Canadá sabendo mais francês mesmo começando do zero, que inglês continuando do que já sabia, meu sonho de morar em um lugar bilingue fica mais próximo. E mais: os idiomas eram francês e inglês.
Só que tinhamos poucos meses para fazer essa proeza. É aí onde entra em cena o Ruy, um professor particular de francês de Fortaleza. Por ele passam muitos dos Fortalezenses que vêm para o Québec. Ele conseguiu fazer um verdadeiro milagre. Com somente 36 horas aula, eu passei do nível de montar somente umas frases bobas e não entender um diálogo normal ao nível de ter mais de uma hora de entrevista por telefone, e ser contratado. Antes mesmo da entrevista, foi ele que me pediu, a título de exercício prático, para fazer um currículo em francês e mandar para uma oferta de emprego real. Parece mentira, mas foi assim que eu consegui o meu bom emprego daqui, ainda estando no Brasil.
Quando cheguei aqui, percebi que conseguia resolver os problemas como o Ruy me recomendou: "Não se preocupe por não falar bem como você gostaria e não deixe de falar por isso. O importante é se comunicar e resolver o que precisa. E isso você já faz".
Mas, sendo bem sincero, tem horas que não dá mesmo para entender! Por telefone a inteligibilidade é pior. Também se falarem rápido, o nosso processadozinho estoura. E, além dos problemas normais de comunicação que os imigrantes têm quando vão para as províncias anglófonas do Canadá, temos um outro que se chama français québécois/francês quebequense! Isso sem mencionar que muitos de nós temos que falar o inglês também.
Já ouviram um português falando? No começo, nem percebemos que é o nosso mesmo idioma. Depois é que começamos a sintonizar o ouvido. Pois assim é o francês québécois que se diferenciou do da frança pela distância. Quão diferente é do francês da frança que estudamos no Brasil? O suficiente para entendermos tudo que o cara do documentário fala, mesmo falando rápido, mas ao mesmo tempo, não entender nenhuma palavra do que a senhora disse no supermercado, mesmo repetindo a mesma frase três vezes. Algumas pessoas usam um sotaque mais neutro, mais standard: Os apresentadores de televisão, os mais cultos e, de certa forma, os mais jovens (adolescente é outra estória). É o reflexo das comunicações que deixam o mundo globalizado mais próximo. Por outro lado, os outros que carregam no sotaque...xiii!!! Demorou para eu acreditar que o pô, lô e çô eram o pas/não, /lá e ça/isso que eu esperava ouvir. Também chega a ser engraçado como o je suis/eu sou, simplesmente some e vira um chiado como shh e sem nenhum som vocálico. Dá até para fazer uma frase sem vogal: Je suis petit/eu sou pequeno, que vira shh p'tss. É tanto que muitos escrevem p'tit até em progadandas e produtos. Para compensar, algumas palavras tem um "degradê" prolongado de sons vocálicos como faire/fazer que se pronuncia tipo fááaaeeeeiiiire e tâche/tarefa que vira tááaaoooouuuche.
Também existem diferenças de vocabulário, como usar embarquer/embarcar e débarquer/desembarcar para ônibus e até para a gangorra do parquinho. E uma diferença bem propensa a uma boa gafe do que as refeições: déjeuner que na França é almoço, aqui é o café da manhã. Dîner que lá é o jantar, aqui é o almoço. E souper, aqui é o jantar e os franceses dizem: Ahh! Como se chamava muito antigamente, né?
Mas nada como o tempo para desenvolver o aprendizado e resolver esses problemas. E a galera daqui ajuda! A empresa banca duas horas de curso de francês por semana e a Mônica vai começar a francisação em tempo integral recebendo 460$/mês, fora uma ajuda de garderie/creche. No trabalho, onde preciso falar muito, em pouco tempo e sendo preciso, uso cada vez mais o francês e menos o inglês. Já dá para fazer um seguro por telefone passando por meia hora de perguntas. E o mais importante: Não tenho mais vergonha de falar, mesmo com erros e entraves. Porque se le portê estiver fechê, pule por riba, já dizia o meu sábio avô.

P.S. Se quiser saber o que é o nível avançado de francês québécois, tente entender o que esses bonecos falam: http://www.tetesaclaques.tv/. Se você entender, vai estar muito bem na foto.

sábado, 24 de abril de 2010

Decom? Me venderam o Canadá como sendo o céu...

Há um bom tempo venho me incomodando com um cearense, cabeça chata, comedor de rapadura que está fazendo propaganda enganosa do Canadá. Ele só mostra o lado bom como se o Canadá fosse o céu, perfeito e impecável. Só um doido não viria morar aqui! Resolvi ligar para o Decom porque o produto não é como ele me vendeu.
Pois bem, tendo me dado conta da responsabilidade que é fazer uma imagem daqui para que outros possam tomar uma decisão tão importante e impactante, resolvi equilibrar a balança e mostrar também problemas e desvantagens que eu vejo aqui. Como sempre, tudo é muito subjetivo. O que é grave para um, é despresível para outro e vice-versa. E até a mesma pessoa muda de critérios de acordo com a sua fase da vida, por exemplo, depois que nasce o primeiro filho. Vale observar é que alguns pontos como a garderie/creche são particulares ao Québec, enquanto outros podem ser generalizados para o Canadá todo. Mas as outras cidades e províncias também tem seus pontos negativos que não estou relatando aqui, principalmente as mais populosas.
Hoje é um bom dia para escrever esse post porque uma das dificuldades daqui resolveu nos pregar uma peça: a garderie. É realmente difícil de encontrar vagas nas garderies de Québec e, pelo que leio, do Québec (incluindo Montréal). Existem delas que são subsidiadas diretamente pelo governo provincial e que custam só 7$/dia. Conversando com québécoises (e já fazendo amizades), ouço estórias de colocar o nome na lista de espera enquanto o bebê ainda está na barriga e também de esperar até dois anos para ser chamado para a mais próxima de casa.
Descobrimos que tem pré-maternal a partir de certa idade e antes dos 6 anos, que é a idade para começar na escola (se não me engano). Porém, a única que tinha vaga antes do começo do ano letivo (setembro) custa somente a bagatela de 800$/mês! É um aluguel de apartamento, ou comprar um carro 0Km financiado em somente 18 meses. No meio termo, temos as garderies não subsidiadas, normalmente en milieu familial/em meio familiar, resumindo: uma casa com até seis crianças. Tem de 25 a 30$/dia, que dá uns 660$/mês e pasmem: se tiver a sorte de pegar uma com vaga e não fechar logo, rapidinho ela é ocupada. A Mônica recebeu hoje a confirmação do curso de francisação começando em maio e as duas vagas que encontramos já sumiram.
Quase sempre o que tem para alugar são apartamentos. E dificilmente eles são en béton/de concreto. O mais comum é ser quase todo de madeira, tendo uma camada fina de tijolos vermelhos por fora para proteger e talvez um esqueleto estrutural de concreto. Daí, ouvimos os passos do vizinho de cima, ou o trotar dos potrinhos cheios de energia como o Davi. Coitado do nosso vizinho do sub-solo! Não sei como ainda não chamou a polícia (ela é usada para resolver problemas de barulho entre vizinhos também). Outro fator é que de tempos em tempos vemos no noticiário canadense um incêndio. Por causa disso, existe um tipo de doido a mais aqui: o piromaníaco. O piro não é relacionado a pirar, nem outra coisa que vocês possam imaginar. Vem de piros, ou fogo. Isso! O cara vem com um coquetel Molotov e floft! (nem sei de onde tirei essa onomatopéia) Lá se vai um condomínio inteiro.
Não sei se é o ar seco, o frio ou os dois, mas é comum ver pessoas tossindo e pigarreando (o bichinho do ram, ram pegou você...), mesmo não estando gripadas com com *.nite (rinite, faringite, laringite, etc.). Até na televisão às vezes acontece de fazerem o ram, ram, pedirem desculpas e continuarem. Depois de ajustar a humidade para 40%, quase não temos mais isso.
Vais sair do Brasil porque não aguenta (viva o fim do trema) a corrupção na política? Aqui tem também! É inerente ao poder e à fraqueza humana. O primeiro ministro do Québec está levando porrada porque nomeou um juiz que financiou a sua campanha eleitoral, existe uma denúncia de favorecimento de empresas de informática que prestam serviço para o governo e um parlamentar federal está sendo acusado de ser lobista que trabalha apenas para algumas empresas ao invés de defender os interesses do povo. E olhe que ainda não consigo ficar antenado por que não escuto a televisão quando a meninada está por perto. Lembra do chão de madeira? Pocotó, pocotó, pocotó...
Até na nossa pacatíssima cidade de zero ou um homicídio por ano tem furtos. Roubaram a bicicleta de uma brasileira que estava presa com uma corrente (a bicicleta! Não a brasileira!). Infração de transito? Tem sim senhor! Bem menos, é claro, mas a galera faz umas gambiarrazinhas também. E não é imigrante não! Conta o conterraneo Carlos Germano (ou Carlos Last) que em Ottawa, se alguém infringe a lei no transito, podes ver que a placa é do Québec. Hum...bem...er... Porém, é raro ver coisas mais graves como avanço de sinal vermelho. Mas agora que o inverno se foi, quase toda semana vejo o carro da polícia parando infratores. Ahh! Acabou a moleza, não é!
E adolescente é adolescente no mundo todo. O parquinho infantil aqui perto é usado pela galera da escola secundária que fica a um quarteirão para baderna na hora do almoço. Eles brincam nos briquedos que não apropriados para o peso deles e o chão fica um lixo!
O que mais...? Não preciso dizer que o frio do inverno congela até a alma. E por causa da areia que jogam nas ruas para dar mais aderencia por causa da neve e do gelo, a cidade fica marrom de lama. Vais lavar o carro a -20 graus? E os tapetes com lama? Só agora é que estão lavando as ruas e calçadas. Ao menos fazem isso.
Ahh!!! Também, vendedor é vendedor em todo lugar do mundo. Se bobear, os caras te pegam. E mentem também, mesmo sendo de forma sutil, dissimulada ou por omissão.
E, embora não tenhamos precisado usar ainda e não podermos falar por experiência própria, o sistema de saúde daqui (instituições privadas e plano de saúde do governo) é melhor que o sistema público do Brasil, mas pior que o sistema privado. E não tem escolha. O rico e o pobre pegam a mesma fila e esperam até horas para serem atendidos.Não se pode dizer que não é democrático. Ao menos existe uma triagem por grau de urgência. Dizem que os hospitais tem muita estrutura e poucos profissionais de saúde. O lance é levar uma vida saudável para prevenir e ir escalonando de acordo com o caso: farmaceuticos, clínicas e por último os hospitais. Alguns procedimentos podem ter uma espera de alguns meses.
Tá bom, né? E olhem que nem falei dos problemas relacionados à nossa condição de imigrantes aqui porque eles vão desaparecendo com o tempo. Também, se não tivesse defeitos, não se chamaria Canadá e sim paraiso celestial! Mas mesmo com esses e outros defeitos, me sinto como tendo nascido para morar aqui.

domingo, 18 de abril de 2010

...e o senhor passou do limite de velocidade!

 ...e o senhor passou do limite de velocidade! Caramba! Pensei. Isso é grave e devo ter sido reprovado!
Agora vamos fazer igual àqueles filmes que começam pelo meio e saltam para o começo.
Não poderia mais usar a minha carteira de motorista brasileira porque o prazo de 90 dias tinha acabado de acabar (a repetição foi propósital, mas não sei para que). Ainda poderia dirigir com a carteira de aprendiz, mas somente com alguém devidamente habilitado ao lado, no caso, a Mônica. Mas o dia mais próximo que estava disponível para agendamento do exame prático era bem no limite dos 90 dias de carteira brasileira da Mônica e iria demorar aproximadamente um mês. Eu não estava gostando nada da situação. No exame teórico, eu já havia percebido que ao mesmo tempo que as disponibilidades de agendamento são tão distantes quanto um mês, também aparecem ocasionalmente oportunidades dos próximos dois dias por causa das desistencias dos que "amarelam". Temos um prazo de 48 horas (acho) para remarcar ou cancelar senão pagamos uma taxa. Nesta segunda fase, também consegui remarcar para o segundo dia seguinte por telefone, por segurança, mas agora poderia ter feito via Internet. O primeiro agendamento tem que ser feito por telefone mesmo.
Dessa vez, li umas partes do livro "Conduire un véhicule de promenade" porque ele diz como realizar os procedimentos e manobras, inclusive com câmbio manual que é o meu caso e é mais uma exceção.
Na SAAQ, a minha "senha" de atendimento era a próxima. Paguei 25$ do exame, pediram une piece d'identité (essa tradução fácil eu deixo para vocês) e ficaram com o certificat d'immatriculation/licenciamento e o certificat d'assurance/certificado de seguro do carro. Na hora marcada, com a pontualidade canadense, me chama pelo nome no sistema de som uma mulher cujo nome era Xavière ou algo parecido. Ela se apresentou, e pediu para eu levar um painel de aviso de exame para ser colocado em cima do carro. Chegando no carro, fizemos a verificação do veículo. Deixar o vidro baixo, ligar o carro, clignotant/seta/pisca-pisca para um lado, para o outro, ela vai para trás, pisada no frein/freio, clignotant para o outro lado. Depois, ela me deu todas as explicações dizendo entre outros detalhes, que o exame iria ter cerca de 30 minutos, que eu teria que fazer um mínimo de 74 pontos em um total de 100 e outra coisa mais que não entendi.
-Saia do estacionamento pela gauche/esquerda. Na lumière/semáforo (engraçado, nos livros só se usa o termo feu), siga tout droit/direto, au coin, tourne à droite/na esquina, dobre à direita, au bout de la rue, tourne a gauche/no fim da rua, dobre à esquerda.
E assim ia ela dando as instruções e eu achando que estava fazendo todos os procedimentos do livro bonitinho. Eis que uma hora, mesmo achando que estava sendo ultrapassado por uma lesma alejada, dei uma espiada no velocímetro. Marcava 57 Km/h. Estava em um retão e por isso, pude perceber pela visão periférica que ela não virou os olhos para o painel do carro. Ainda deu tempo de pensar que não estava acima dos 60, então estava tudo bem mas lá vem o puxão de orelhas. Ela também tem visão periférica e viu a velocidade do carro sem olhar diretamente.
- Senhor, qual a velocidade da via?
- 60?
-Não. 50Km/h e o senhor ultrapassou o limite de velocidade. Queira por favor regularizar a velocidade.
-Pois não! Desculpe.
Passei até o fim do exame pensando que seria um erro grave e que estaria reprovado, mas continuei na minha ao menos para ganhar a experiênca.
Logo depois, tinha uma rua e eu vi a placa de 70Km/h. Gato escaldado tem medo de conta gotas! Vou ficar nos cinquentinha para não dar outra mancada.
-Senhor, qual é a velocidade da via?
Eu acho que já vi este filme, mas com outros atores!
-70!
-Correto, e não estás infringindo as leis porque é a velocidade máxima. Mesmo assim, peço por gentileza que se aproxime da velocidade da via para dar mais fluidez ao tráfego.
je m'en câlice!!! (palavrão québécois que aprendi recentemente, mas o editor não me deixa traduzir), pensei mas fui diplomático:
-Tudo bem. Pois não.
Dobra cá, dobra lá e achei que estávamos voltando, mas só haviamos rodado por 20 minutos. Eis que ela anuncia que é a saint Jean-Baptiste, a rua da SAAQ. Aí é que pensei mesmo que tivesse reprovado.
-Estacione aqui de marche arrière/marcha ré.
-Pronto?
-Você acha que e está pronto?
Com uma pergunta dessas, sabia que tinha algo errado mas não conseguia perceber o que era, afinal, já estava com o carro estacionado bem certinho dentro dos limites.
-uhhh....sim.
-Então desligue o carro. Félicitations, vous avez réussi/parabéns, você conseguiu/foi aprovado.
Eu fiquei meio sem acreditar.
-O senhor teve aquele excesso de velocidade, quando for parar; tem que parar antes da faixa e não imediatamente nela; nas placas pare, tem que imobilizar o carro completamente e esperar antes de sair; você fazia a verificação dos três retrovisores e do angulo morto, ligava a seta/pisca-pisca e já começava a mudar de faixa antes de fazer a segunda rodada de verificação dos retrovisores e do angulo morto; quando foi estacionar, não passou pelo canto do carro a 45 graus e haviam pedestres chegando no carro vizinho e você continuou a manobra. Mesmo assim, tem bom domínio do veículo e fez 80 pontos. Porém, recomendo que preste mais atenção aos procedimentos para que dirija de forma mais segura.
Deu os parabéns novamente, pediu para eu levar o painel de volta e completar o processo no balcão.
Eu não sabia se ficava triste ou alegre, satisfeito ou com raiva. Fora o excesso de velocidade, tudo mais eu estava fazendo consciente e achando que era suficiente. Já havia lido sobre a cobrança da parada contando até três, e achava que estava até exagerando. Talvez não tivesse fazendo isso na segunda vez, quando tinha que parar depois da faixa e mais perto da esquina para ter mais visão. Quanto a questão de passar a 45 graus, chequei no livro e não diz nada disso. Na verdade, só tem uma figura para descrever a manobra. E queria dar uma porrada no cara que se enfiou entre os carros porque mesmo tento um bom espaço, ele poderia esperar eu terminar de estacionar. Mas tudo bem, o pedestre tem prioridade.
Bom, nessa hora, a ficha caiu e só indo de volta à SAAQ é que fiquei alegre pela conquista. Essa alegria me custou mais 37$ para fazerem meu cartãozinho de PVC com foto digital que é o documento mais usado como identidade aqui. Da mesma forma que a carteira de aprendiz, demora de 5 a 10 dias ouvrables/úteis para chegar pelos correios, mas saimos com uma carteira provisória em papel. Porém, essa agora só é válida junta da carteira de aprendiz.
Nem preciso dizer o quanto estou feliz, não é? Passei de primeira e completei os documentos que precisava. Não preciso mais passar por nenhum teste, exame ou avaliação. Finalmente não preciso mais provar nada a ninguém. E com isso fecho a primeira fase de adaptação justamente quando completo 3 meses aqui.
E como sempre diz o assíduo leitor César: e a vida segue...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Aconteceu no ônibus


Esse título é tão comum quanto tirar a foto da folha d'érable/maple/bordo. Não me incomodo com o fato de ser bem cliché/clichê (nota do tradutor: Só para dizer que se usa esse termo no Brasil também). Ainda não tirei essa foto porque só agora é que as folhas começam a nascer. Em geral, os blogueiros costumam descrever em um post com um título desses uma situação inusitada que se passou dentro de um ônibus que surpreende pela diferença cultural. O meu não poderia ser diferente.
Estava eu lendo meu "livrinho" de como passar no exame prático de direção e depois fazer tudo diferente (mesma coisa do Brasil. Raros são os que desaceleram com o carro sempre engatado, sem o deixar livre como manda o manual), quando percebi que um cara cantava uma canção alegre (assim não é pleonasmo). E cantava um pouco mais alto do que o normal quando se canta para si mesmo. Dai, uma mulher que estava do outro lado do ônibus acompanhou. Achei curioso e parei de ler. Então, mais outra pessoa se junta ao coro, e outra, e outra. Quando tive que descer, tinha umas cinco pessoas que provavelmente não se conheciam cantando a mesma canção enquanto que a maioria dos demais, inclusive eu, abria um sorriso, contagiado pelo clima.
E aí vocês perguntam: Qual era a canção? Querem saber? Eu também!! Não entendi, nem tive tempo de pegar ao menos uma frase para pesquisar. E fiquei morrendo de curiosidade de saber o que tem de tão contagiante nessa música.
Mesmo assim, já é interessante o suficiente contar aqui da situação que parece coisa de filmes, mas para virar um filme aqui, basta eu filmar. E não deu tempo também! Que puxa!

Empregada versus vida prática


Muitos futuros imigrantes ficam pensando como vai ser penoso morar no Canadá sem a empregada. O salário mínimo daqui é de cerca de 1.500$/mês para 40 horas semanais e esse é um dos muitos fatores que faz esse país ser o que é, com bem menos problemas sociais. Mas não é só na América do Norte que as pessoas se viram sozinhas. Isso é comum também na Europa. E aí? Como é que dizem que o Canadá é um pais de alta qualidade de vida sendo escravos do lar, trabalhando em casa além de trabalhar na empresa?
A resposta é: com uma vida mais prática.
Vamos começar pelas tarefas domésticas mais cansativas. Vou tentar falar daí em termos gerais e não necessariamente o caso particular de alguém. Mas já aqui, a visão vai ser de poucas amostras, logo, não necessariamente o caso geral. Até porque não conheço também fora do Québec.
Faxina: No Brasil, é comum entrar com sapatos sujos em casa e as janelas trazem poeira da rua. Para completar, varremos a casa toda e depois passamos um pano molhado com um rodo. Ufa! Quando pensava em fazer isso, já dava preguiça. Aqui no inverno, só entramos de botas cheias de neve poucas vezes até aprendermos que dá mais trabalho enxugar a água que fica. Sem contar a lama! Por isso, a primeira coisa que fazemos ao entrar em casa é deixar os calçados na "bandeja" de plástico. O sal usado para derreter a neve corrói o verniz do piso de madeira. Quando visitarem alguém, escolham meias legais porque é de meias que ficamos na casa dos outros. Logo, evitem comprar meias brancas. Compro meiões pretos e com o mínimo de algodão possível na composição porque absorve o suor e dá frio em temperaturas abaixo de -5 graus. Também, a casa fica fechada a maior parte do ano, logo, não entra muita sujeira. Logo, ela se suja muito menos, principalmente se vocês conseguirem disciplinar os anjinhos a não comerem coisas que se esfarelam no chão ou no sofá. Quando fazemos a limpeza do chão, que é muito menos frequente, já fazemos duas operações em uma: usamos uma espécie de escovão com esponja, tecido descartável seco ou já com um produto embebido em baixo. Este escovão já "varre" a sujeita grossa e absorve a sujeira fina. Uma passada e o chão já fica limpinho. No caso da esponja, tem uma alavanca para a espremermos com pouco esforço. Não vejo acumular sujeira no resto da casa, e não vejo aranhas para fazer suas teias artísticas, logo, se precisar, vai ser uma vez perdida.
Lavar, secar e passar roupas: É só jogar na máquina de lavar, colocar uma folha de detergente sólido, apertar o botão e assistir a série de hockey Québec versus Montréal. Quando terminar, ela avisa. Aí tiramos as roupas e a folha que vai servir agora como amaciante, perfume e anti-estática, jogamos na secadora, apertamos o botão e voltamos para o terceiro tempo. Ela avisa quando estiver pronto. Acabei o tópico. Epa! você não falou de passar as roupas! Quando eu pedi um ferro de passar à amiga que me hospedou pelo primeiro mês, ela disse: eu te empresto mas eu nem sei porque eu o tenho. Nunca uso! E conversando com amigos, todos dizem que passar roupa é uma perda de tempo (isso depois de me encherem o saco por eu falar engomar ao invés de passar. Coisas do dialeto cearense!). Quando as camisas saem quentinhas da secadora, seguro pelas extremidades de baixo e dou três "sopapos" para esticá-las. Depois, botamos no cabine que elas ficam bonitinhas. As calças também. A escolha dos tecidos também ajuda, porque o velho algodão, linho e companhia vão pedir para serem passados mesmo. Mas as malhas, moleton e jeans são uma tranquilidade.
Louça: Se quiser, podem usar uma máquina de lavar louça também. No Brasil, duvidava da limpeza delas, mas faz milagre mesmo. Não precisa de pré-lavagem manual. Fazia isso porque não confiava. Foi bom eu ter tocado no assunto porque, conversando com a patroa, ficamos de pesquisar o preço e o que precisa para instalá-la. Lai vou eu de plombier/encanador outra vez.
Cozinhar: Agora eu vou ter que fazer uma boa contextualização primeiro. Bem grosseiramente, uma pessoa que ganha X reais no Brasil tende a ganhar X dólares aqui. Repito: é uma regra grosseira, só para dar uma ordem de grandeza. Assim, algo que custa 10$ aqui tem o "peso" no bolso de algo que custa R$10,00 para quem ganha em reais. Porém, o produto que compramos com 10$ custa uns R$17,00 (cotação de exemplo). Assim, com essa diferença, muitas vezes dá para pagar a importação e ainda pegar as melhores seleções de frutas, por exemplo. Compramos castanha de caju mais ou menos do mesmo preço que comprávamos no Ceará, seguindo a regra do 1$=1R$ e é importado, enquanto que o Ceará exporta. Quando são produzidos aqui, o custo fica baixo. No Brasil, muitas vezes impera a lógica do vende mais o produto que for mais barato, porém às custas de uma redução de qualidade. Aqui, vende mais o que é melhor, levando-se em conta o custo-benefício, claro, mas não focado só no custo. Para dar o exemplo mais radical: sorvetes de marca como o Kibon tem gosto de água, enquanto que já comprei que o delicioso Häagen-dazs (eita nome complicado!) por até 4$ o pote de 500ml. No Brasil, acho que custa mais de R$30,00. Também, quando o mercado consumidor é grande e exigente, pode-se e deve-se investir nos produtos.
Pronto! Isso dito, agora posso dizer que não é pecado, nem fast-food, nem apelação comprar um papillote (não sei como se traduz isso, mas é um saco de papel tipo o de pipoca) de frutos do mar e fazer no microondas. É uma delícia com camarão, peixe e algumas coisas mais que nem imagino o que sejam. E tem outras coisas que, se não estão prontas, estão semi-prontas como batatas descascadas e cortadas. Se quiserem um bolo mais gostoso que o comprado no supermercado, vão ter que ser competentes como a Mônica, senão, vai dar mais trabalho e não vai ser tão bom quanto. Isso porque muita gente consome e exige, então, como dissera (lembram do finado pretérito mais-que-perfeito?), tem mais investimentos para produzir com qualidade.
Basta dizer que eu não sabia cozinhar e me virei aqui sozinho durante o primeiro mês. Não estou dizendo para só comer comida pronta e se matar de fast-food. Vou dar um exemplo: Jogava sal, óleo, e arroz na água quente, ajustava o timer e ia ver se entendia alguma coisa na televisão. Quando dava o bipe, já tinha o arroz para esta e outra refeição. Depois fritava uma posta (eu disse Posta!) de salmão que já vinha bonitinho do supermercado, colocava uma salada que já vinha cortada e misturada e batatas fritas. Voilà/vualá! (nota do tradutor já enchendo o seu saco: não é uma tradução porque todo mundo conheçe essa palavra quando falada, apenas não sabem como se escreve) Taí um almoço gostoso, sem trabalho e que até eu faço!
Fora os afazeres de casa, as instituições aqui são na média menos burucráticas, as embalagens mais fáceis de usar e protegem mais, os eletrodomésticos são mais fáceis de desmontar e limpar, etc. Uma amiga minha devolveu o processador multi-uso Tabajaras só porque não era tão prático de desmontar e limpar. Esse tipo de produto morre fácil porque aqui os consumidores os devolvem e pegam o dinheiro de volta nos 30 primeiros dias.
E o tempo aqui é bem aproveitado. Tem rendez-vous/agendamento/hora marcada para tudo. Assim, não precisamos perder tempo esperando e normalmente somos atendidos na hora certa mesmo. As crianças daqui se viram bem mais que as brasileiras e ajudam ao invés de atrapalhar. Já trabalhavamos nessa linha no Brasil e estamos reforçando isso aqui, mas.... ai, ai, ai!
Enfim, não é a mesma coisa que ter uma pessoa dentro de casa só para trabalhar para nós, mas pensando bem, tem muito esforço desnecessário que pode ser otimizado na nossa rotina para que ela fique leve o suficiente para não nos importarmos, principalmente depois de acostumados.
No próximo capítulo dessa série, pretendo falar sobre a filosofia do faça você mesmo, que não é a mesma coisa do te vira malandro!

domingo, 11 de abril de 2010

Ponte Québec-Lévis




Esse post vai ser curtinho, acho. É só para mostrar a(s) ponte(s) que cortam o rio São Lourenço e liga(m) Québec à cidade vizinha Lévis. Eu, fiquei impressionado com o tamanho da estrutura. Nunca vi nada parecido (matuto!). Talvez pelo fato do rio ser profundo saia mais barato fazer estruturas de amarração colossais que fazer mais colunas de sustentação, que precisam ir até o fundo. Percebam que tem outra ponte mais velha ao lado. Não sei se ela ainda está em funcionamento ou se é para os trens.
Não posso dizer ainda que já conhecemos duas cidades canadenses porque só entramos na cidade e já saimos. Antes disso, rodamos um tantinho até achar o caminho de volta. Foi mais para preencher o tempo e já estávamos perto de lá mesmo. Nada como dar uma conferida ao vivo. Outro dia vamos dar uma passeda de verdada lá e vamos ver Québec pelo outro lado. É mais fácil que começar a temporada oficial de turismo, que tem tudo para estrear com Montéal.
Espero fazer uma boa cobertura turística para vocês.

sábado, 10 de abril de 2010

Quebrando mitos




Apesar de não ser exatamente a tradução, quando vejo esse título, só lembro da música do Peter Frampton que diz: "...and we're breaking all the rules...". E por coincidência, procurei no no Youtube para ouvi-la e vi este vídeo que achei relacionado com o post.
Antes, durante e depois de cruzar a linha do Equador, vivemos em contato com outros imigrantes, atuais ou futuros. E com isso, acabamos absorvendo muita informação valiosa, mas também nos prendendo a mitos. Tem uma frase que eu acho muito boa para abrir a mente: "Não sabia que era impossível, foi lá e fez. Logo, o impossível só existe na nossa mente". Não sei se é mania minha de fugir do convencional, mas muita coisa saiu dos padrões nessa imigração. Nisso, acabei quebrando alguns mitos. Vejamos:
1. Quem faz o processo federal não pode ir para o Québec / Muitas coisas no Québec só são feitas com o C.S.Q.
Essa me deu muito trabalho desde quando seguiamos o processo, pois esses casos são raros e não tinhamos muita informação. As próprias pessoas que trabalham na imigração me disseram que eu não poderia (vejam esse post).
No final da estória, a única diferença é que quem não tem o C.S.Q. paga os cursos pós-secundários como alguém de outra província durante o primeiro ano de moradia, mas não como extrangeiro.

2. Rapaz! Você é doido! Como é que você vai morar em uma cidade fria como aquela! Passei uns dias lá e te digo: você não vai detestar. / Como é que você sai de uma terra quentinha como o Brasil para vir morar aqui? Aqui só tem neve e gelo! Não foi uma boa escolha.

Que é bem frio no inverno, é mesmo. Tem muita gente que vai até se arrepender de ter vindo. Realmente, acho que quem puder deveria vir primeiro para sentir -34 graus de sensação térmica, porque ela deixa os pés, mãos e rosto dormentes e doloridos.
Mas...tirei de letra. Passava era horas andando sem rumo definido conhecendo a cidade. Até me perdi e tive que andar 2 quilômetros no dia mais frio do inverno, mas não deixei de sair de casa para fazer uma aventura. E brincar com a neve e patinar no gelo é muito divertido. A Lara que o diga!
A foto abaixo foi tirada com zero graus e ainda passamos 5 minutos do lado de fora.
Aviso: Não tentem fazer isso em casa. Os integrantes dessa foto são profissionais treinados para isso. Ninguém foi ferido durante a execução desse espetáculo.


3. Quem não tem o histórico de crédito não pode alugar um apartamento / ... só pode alugar com um fiador canadense / ... tem que deixar cheques de garantia para X meses / ... tem que lutar muito para achar alguém que se disponha a correr o risco de alugar.
No primeiro apartamento que tentei alugar, a mulher da imobiliária disse que todas as imobiliárias exigiriam um fiador canadense. Depois amenizou dizendo que poderiam existir algumas imobiliárias pequenas que trabalham com umas áreas mais pobres da cidade que aceitassem. Revejam neste post.
Porém, simpatizei muito como apartamento onde moramos, que foi a segunda tentativa, e não colocaram nenhuma dificuldade. E olhe que fica somente a uns 500 metros do primeiro, na mesma área nobre da cidade.

4. Sem histórico de crédito, não podemos comprar um carro financiado.
A primeira concessionária que eu contactei por telefone me disse que ninguém faria financiamento sem histórico, somente com fiador. Devia ter copiado e colado esse trecho do texto do aluguel do apartamento!
Na segunda concessionária também da Kia, eu paguei só 3.000$ e financiei 11.000$ em dois anos e com juros de 0%. E aqui vendem carros com juros de 0% durante até 5 anos!
Talvez o fato de eu ter um emprego tenha mudado a situação. E eles dividiram o valor do aluguel do apartamento por dois adultos (eu e a Mônica), para avaliarem o comprometimento do orçamento em relação ao salário e isso pesou positivamente também para o nosso caso. Detalhes neste post.

 5. Sem a carteira de motorista do Québec, não podemos comprar um carro / ... não podemos fazer o seguro que é obrigatório para licenciar o carro / ... faz com que o preço do seguro do carro fique proibitivo.
Meias verdades. Pelo que entendi, o Desjardins faz o seguro do mesmo preço para quem tem só a carteira de motorista brasileira, mas não tenho certeza. E, pelo visto, realmente o carro só pode ser licenciado se tiver um número de carteira de motorista do Québec. Acho que é assim porque a placa é associada ao dono e não ao carro. Quando trocamos de carro, a placa é mudada para o carro novo.
Por outro lado, ainda não fiz o exame prático, não tenho a carteira "de verdade" e já tenho carro em situação totalmente legalizada. O lance é que fiz o exame teórico e este já nos dá na hora uma carteira de aprendiz, provisória e de papel, mas que tem o número que é o importante. A receita está neste post.

6. Os empregadores canadenses exigem uma experiência canadense / não se consegue emprego no Canadá estando ainda no Brasil.
Posso estar enganado e não dá para generalizar, mas fica parecendo que essa estória de você não tem experiência canadense é uma forma de dizer que o candidado é equivalente aos outros, só que os outros são canadenses, se comunicam bem e já sabem como tudo funciona. Porque então quebrar a cabeça com alguém que acabou de chegar?
Depois que vi o caso de um cara que recebeu cinco convites de entrevista, escolheu os melhores e no dia seguinte já estava contratado, percebi que existem casos e casos. Ele me mandou o currículo para eu ver como era a forma, mas o conteúdo é que era o valioso. Só um doido não o contrataria! Isso me fez tirar duas certificações Java para melhorar minha empregabilidade. Antes de tirar a terceira, o "acaso" bateu na porta e quando percebi, estava mandando o contrato assinado via Fedex para a empresa. Contei o caso neste post.

Pegando o gancho dessa última quebra de mito, quero deixar bem claro que muito do que contei aqui é exceção e não quero alimentar a esperança de vocês em cima de coisas que possivelmente não vão acontecer. Às vezes me sinto fazendo propaganda enganosa, por isso o aviso. Tenham os pés no chão porque são eles que nos fazem andar e chegar onde queremos. Por outro lado, o que quero provar é que nem todo caminho improvável é impossível.
Muita gente me pergunta como é que eu fiz para conseguir isso ou aquilo, principalmente o emprego. Bem... a explicação que tenho é que não sou eu. Deus é que faz esses milagres. Por exemplo: quase não procurei apartamentos; consegui uma vaga de desistência para antecipar o exame teórico para o dia seguinte e que seria só meio mês depois; a primeira concessionária me deu um não e a outra da mesma marca aceitou e fiz as duas entrevistas que totalizaram mais de uma hora falando um francês terrível, podendo ter me expressado bem melhor em inglês. Ou seja, teve muito "acaso" e, por vezes, só o que fiz foi atrapalhar.
"Acaso é um dos pseudônimos que Deus usa para assinar suas obras". Foi o que um amigo meu me disse assim do nada, por "acaso".

Passiá carrão pata papai?


É assim que o Davi pergunta se vamos passear no nosso novo carrão prata. Ele também chama de vuatú ajã (voiture argent/carro prateado) e mesmo que ainda não seja compreensível para um francófono, ao menos mostra que ele está aprendendo.
Para os padrões daqui, o carrão (Kia Rio) na verdade é peba/de baixa qualidade (nota do tradutor: peba é um termo do dialeto cearense). Porém, nos sentimos como se fosse o Corsa que tinhamos porque é parecido até esteticamente, também é sedan e tem a mesma cor. Não tem trava e vidros elétricos como o Corsa tinha, mas tem air bag, som com USB, viva voz bluetooth, motor 1.6 16 válvulas e tem ABS. O air bag e ABS são itens de luxo no Brasil e aqui, ao menos o ABS, é padrão há décadas e ninguém nem fala mais. Também! Vai frear na neve! Com frete, preparação, impostos e tudo mais, paguei 3.000$ e financiei 11.000$ em dois anos com juros de 0% por um  o carro 0Km. Pelo poder de compra daqui, é como se ele custasse R$14.000,00 no Brasil. Outro fato que o faz ser um dos mais baratos carros novos daqui é que ele é da Manuelle. Isso foi uma confusão que fiz porque tem nome de gente. Na verdade é que tem cambio manual e a grande maioria tem cambio automático. Não me importo. Sempre dirigi carros da Manuelle no Brasil. Ahh!!! Tem garantia de 5 anos em tudo, exceto pedais, limpadores de parabrisa e pneus. E temos direito a um mecânico para nos salvar caso tranque com a chave dentro ou falte gasolina, sem pagar extra.
O fato é que estou muito contente por ter conseguido mais essa vitória na nossa caminhada aqui. Usei a palavra caminhada porque todos nós andamos pra caramba! Eu ando no mínimo um quilômetro e meio todo dia, e chego a andar quatro quilômetros, sendo um de subida de ladeira como se fosse subida de serra. Mesmo com o carro, continuamos andando porque é saudável e já estamos habituados.
O primeiro contentamento vem do fato de que a Mônica e as crianças não vão mais ter que andar no frio de -20 graus, rajadas de 60Km/h e chuva para pegar a Lara na escola. Nesses dias, o carro não vai ficar de enfeite na garagem, já que continuo indo para o trabalho de metrobus por opção. Tenho direito a uma vaga no estacionamento da empresa, mas não espero nem 5 minutos pelo ônibus, normalmente vou sentado, lendo e a empresa paga a carga do cartão de passe.
O segundo contentamento é pelo fato de ter vencido uma batalha dura. A primeira concessionária da Kia disse que pela falta de histórico de crédito, nenhuma concessionária iria financiar um carro para mim. Fui na segunda também da Kia. Lá, sabendo de toda a minha situação de imigrante recém-chegado, começamos o processo. Suspense no aguardo da resposta da financeira e trim, trim, toca o celular. Era o gerente comercial:
Seu financiamento foi aprovado. Só falta você nos enviar um fax com a carteira de motorista do Québec. Câlice de tabernake! (vocês já sabem, né? Palavrão québécois) O cara sabe que eu não tenho! Vai ver isso é bem uma maneira polida de dizer não. Liguei para o vendedor que me deu uma notícia boa demais para ser verdade: Basta você ir na SAAQ aqui do lado e pegar uma carteira de aprendiz! Vá lá que você resolve hoje mesmo. Liguei para a SAAQ e confirmei minha suspeita: Só poderia fazer isso se eu tivesse feito os 5 módulos do curso obrigatório. Era dia 31 de março e o meu exame teórico estava marcado para o dia 15 de abril, que foi a data mais próxima que me deram. Quem não arrisca, não é petista, já diz o ditado (mudei um pouco para ficar mais divertido). Liguei e consegui transferir para o dia seguinte, que era primeiro de abril. Putz! No dia da mentira! Lai vai eu fazer o exame e graças a Deus, passei, mas sai só com um papelzinho de uma carteira de aprendiz e ainda provisória. Mandei para o fax do gerente comercial e quando liguei para confirmar, ele já tinha mandado para a financeira.
-E aí? É suficiente?
-Não sei, mas quando derem resposta, eu te ligo.
Passamos os quatro dias de feriado de páscoa no suspense e na terça-feira ele me liga.
-Beleza! Foi aprovado! Ligue para o vendedor para vir buscar o carro.
-Pode ser hoje? O carro vai estar pronto?
-Sim.
-Emplacado e licenciado?
-Sim.
E assim fiquei eu, sorridente cantando vitória, quando ele me liga:
-Tem mais um detalhe.
-Qual?
-O carro só pode sair da concessionária com a certidão de seguro. Você já fez o seguro dele?
-Não! Não tenho o número do chassis! Mande-mo (eita! É mande + me + o. Detonei agora!) via email que eu vou ver o que eu consigo fazer.
-Sim.
Por sorte, contratar um seguro aqui é mais fácil que descascar banana (a banana daqui é colombiana e muitas vezes só conseguimos começar a descascá-la usando uma faca. Estou falando sério!). Liguei para o Desjardins e, a partir do número do chassis, a mulher já tinha todos os dados do carro. Caramba! Ela me pediu o nome da concessionária, o nome do vendedor e me pediu para aguardar um pouco. Quando voltou, ela me disse que já estava tudo resolvido. Quando perguntei se ela poderia me dar algo via fax para mandar para eles, ela disse que já tinha mandado, que o carro já estava assegurado e que não precisava fazer mais nada. Isso em apenas uns 15 minutos de ligação! Vai para o Guiness book (o livro dos recordes).
Depois do trabalho, passei lá, assinei uma pancada de papéis e já pude me vingar da ladeira da ave. St-Sacrement. É que das outras duas vezes que fui à concessionária, sai de lá a pé e tive que subir um quilômetro de ladeira muito íngreme como havia falado antes. Dessa vez, subi dirigindo e cheguei em casa bem menos cansado e muito satisfeito por ter dado certo.
Essa confusão toda aconteceu no primeiro de abril, mas juro que é verdade!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Bodas de estanho, zinco, pérola e érable


Há exatamente dez anos atrás, lembro de assinar com a mão trêmula de emoção, a oficialização da nossa união no casamento civil. Seis anos mais tarde mas no mesmo dia, tivemos a bênção de Deus na nossa união matrimonial. Hoje, comemoramos as nossas bodas de estanho, de zinco, de pérola ou de érable/maple/bordo, se me permitirem incluir na lista essa árvore típica do Canadá que resiste até o mais rigoroso dos invernos e sempre renasce a cada primavera.
Passamos muitas alegrias e tristezas, realizações e dificuldades juntos. Somos muito diferentes um do outro. A Mônica diz que não sabe como é que estamos completando dez anos de casados, fora outros cinco de namoro juntos com tanta diferença. E eu digo que é por isso que deu certo. Temos atritos como todo casal, mas sabemos conversar e resolver nossos problemas. Mudamos muito para nos adaptar um ao outro e hoje colhemos os frutos na harmonia que o nosso relacionamento tem. Sabendo respeitar o ponto de vista um do outro e ceder quando é oportuno, deixamos de ser opostos e passamos a ser complementares, combinando o que tem de melhor em cada um. Isso está sendo importante na nossa nova vida aqui, que vai nos unir ainda mais.
E hoje, tenho ainda mais certeza de ter escolhido a melhor companheira para caminharmos juntos na missão que Deus nos der, junto dele, até que a morte nos separe momentaneamente enquanto não nos reencontramos no paraiso.
Moniquinha, mesmo que às vezes possas pensar que não, saiba que sempre te amo. Beijão.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Solzão, calor, bermudas, bronzeado e futebol, parte II




Mais coisas curiosas sobre esse verão inusitado de 3 dias. O recorde de temperatura alta para o dia 3 de abril era 13 graus. Desta vez fez 25 graus! Durante os três dias as temperaturas ficaram entre 20 e 25 graus. Na televisão, passou uma cena surreal. Gente fazendo churrasco enquanto outros esquiavam de bermuda e sem camisa! Que esquisito!
No segundo dia, ficamos mais confiantes e saimos de bermuda, camisa e sem nenhuma roupa de frio.
Ficamos descalços e corri muito atrás do Davi na grama. Se não for atrás, ele vai longe mesmo e o parque é quilométrico. De fato, parece que ele vai daqui até Vieux-Québec.
Só agora é que eu descobri qual é o sentido de um piquenique em um parque, desfrutando da natureza com a temperatura mais agradável que existe, nem quente, nem fria e brincando com as crianças. Eu não gosto de fazer comparações. Me desculpem essa. Mas não fazia sentido para mim um piquenique em Fortaleza, suado, brigando para o Davi não ir para o sol escaldante e poeira para não ficar doente, e ficar tomando cuidado para as crianças não se machucarem nos brinquedos sempre quebrados e enferrujados do parque o qual frequentávamos.
Outra coisa curiosa. Nesses dois dias eu vi mais carros conversíveis do que todo o resto da minha vida. E também tinha muitas motos, sendo a maioria daquelas estradeiras tipo Harley Davidson. Mas também tinha as esportivas. A galera que tem grana aqui deixa esse carro guardado para o verão enquanto usa o do inverno!
Adicionei mais 22 fotos à galeria do post anterior mas, por conveniência, repito-a aqui.
Ontem, fomos bater perna em Vieux-Québec e esta estava cheia. Muita gente nos restaurantes, pubs e bistrôs. Esses últimos dão um ar bem francês à cidade. Vimos a apresentação de rua de um acrobata, tinha palhaço, malabarista e uma cantora com violão. Parece ser uma prévia do verão de verdade.
E hoje, segunda-feira de feriado de páscoa aqui, passou o dia com o tempo fechado, embora não tenha feito uma chuva de verdade, e com uns 15 graus. Hoje foi dia de fazer a faxina que não fizemos enquanto aproveitávamos o sol. Ainda bem que faxina aqui é muito mais leve que no Brasil, já que a vida aqui é mais prática. Isso é assunto para um post que estou querendo escrever desde muito tempo. Vou ver se ele fica no começo da fila.

Parc des Champs-de-bataille

sábado, 3 de abril de 2010

Solzão, calor, bermudas, bronzeado e futebol


Parc des Champs-de-bataille

Querido diário. Era um belo dia de abril. O céu estava totalmente azul, sem nenhuma nuvem, e o sol estava espalhando sua energia em tudo e em todos. Uma vizinha se deitou na poltrona, na varanda do seu apartamento para se bronzear e deixou a porta aberta. Resolvemos conhecer o Parc des Champs-de-bataille. Chegando lá, tinha gente de bermuda, outros deitados na grama sem camisa curtindo o sol, gente jogando futebol, muitas crianças andando de bicicleta. Estava fazendo agradabilíssimos 20 graus e tinha gente usando óculos escuros e protetor solar.
Vocês devem estar pensando que eu estou de sacanagem. Acabei de fazer um post descrevendo o inverno na entrada da primavera, e agora faço um de verão poucos dias depois.
Não é poisson d'avril/fools day/dia da mentira. Foi ontem. Simplesmente em poucos dias passamos do clima do inverno para o do verão. Porém, é por poucos dias. Em uma semana a temperatura vai fazer uma subida de uns 8 a 20 graus, passar uns dois dias nesse valor e voltar para o mesmo patamar de antes. É, o clima aqui muda muito e com variações rápidas. E a primavera já dá mais sinais além das gaivotas. Ontem ouvimos passarinhos e hoje vimos as primeiras flores colorindo os jardins.
Esse post está muito fifi/boiola/bichinha! Vamos mudar um pouco de tom para ficar mais dígno de um Cearense cabra macho!
O parque fica na rue Grande Allée Est, que passa na esquina do nosso apartamento e fica só a poucos quarteirões deste. Ele é imenso e um excelente ponto turístico. No inverno as pessoas praticam ski de fond/cross country skiing, patinação, hokey, e no resto, muitos outro esportes. Tem um campo de futebol americano, basquete, pista de bicicleta, etc. No perímetro austral (mais ao sul. Lembrem-se que tenho que usar paravras difíceis no português para aliviar a pobreza do meu francês), temos uma vista muito bonita do fleuve Saint Laurent/rio São Lourenço e da cidade de Lévis do outro lado. Me disseram que o festival de verão é feito lá e vai ter Iron Maiden e Dream Theater entre outros. Yeahh!!!!
Andamos muito e só fomos até o Musée National des Beaux-Arts du Québec/Museu Nacional de Belas Artes do Québec. Olhando no Google Maps, deve ser apenas cerca de um quarto do parque.
O parquinho das crianças é bem grande e variado. Tem brinquedos bem interessantes e alguns são sofisticados. Vocês podem ver nas fotos que a gangorra daqui é super hi-tech.
Legal que nós ficamos deslumbrados com o local e aconteceu uma coisa curiosa. A sensação que temos é de sermos turistas. Até pelo fato de ficarmos tirando fotos. Então, quando vem o encantamento, vem também aquele pensamento do inconsciente: Eu queria morar aqui! Aí o consciente diz: Epa! Mas eu moro aqui! Somos turistas descobrindo a nossa própria cidade, conhecendo o verão mesmo ainda estando na primavera.
Ahh!! Deixem-me contar só mais essa! Vimos uma quantidade boa de carros conversíveis só no caminho de ida e de volta. Como diz o Davi: Pai! Carrão!!! Parece até que estamos em Miami. Acho que esses carros estavam guardados durante o inverno.
Agora vou dormir porque amanhã vamos curtir o segundo dia de verão na primavera. Para lembrar, o lema é il fait beau, il faut profiter/o clima está bonito, temos que aproveitar.


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sexta-feira, 2 de abril de 2010

No semáforo vermelho, devemos parar, passar ou reduzir?



Essa pergunta pode parecer idiota, mas é mesmo idiota! Até o Davi já sabe que é para parar no sinal
vermelho! Pois bem, essa é uma das perguntas do teste simulado para exame teórico da carteira de motorista do Québec. Ainda bem que só vi esse teste agora, perto de fazer o exame. Se tivesse o visto antes, não teria lido o livro de preparação. As perguntas do simulado são muito fáceis. Porém, achei o teste real mais difícil.
A Societé de l'Assurance Automobile do Québec ou simplesmente SAAQ, onde fazemos os exames teórico e prático aqui no Québec, é bem grande e movimentada. Tem muita gente sendo atendido por ordem de chegada, com senha, mas no meu caso, eu tinha um rendez-vous/hora marcada. O cara da recepção me disse que iriam me chamar pelo serviço de som na hora marcada, no guichê 22. Esse guichê e outro ficam em uma seção destinada a nós imigrantes, mas com um outro termo o qual não me lembro exatamente.
De fato, pontualmente (como muita coisa aqui no Canadá) às 10h30, uma funcionária foi para esse guichê e chamou: Monsieur Alexi Agüiar (Agu-iar). Agora eu já sei que esse é o meu nome! Ainda bem que quem chamou não foi a moça do guichê 13. Ela chama com um sotaque carregadíssimo de chinês. Não entendia nenhum nome. A funcionária, muito educada e simpaticamente, pediu o cartão de residente permanente, a confirmação de residente permanente (não sei porque, já que para termos o cartão, precisamos ter chegado!), a carteira de motorista brasileira, a sua tradução juramentada e.... adivinhem: O C.S.Q. 'stie!!! Calis!!! Tabernake!!! Pela terceira vez!!!! Só que o comedor de rapadura aqui dessa vez já estava mais maceteado. Falei com ar de advogado que sabe decorado o artigo do código de sei lá o que: Eu fiz o processo federal para Toronto. Nesses casos, um comprovante de residência no Québec é suficiente. A funcionária concordou. Yess!!!! Macete validado!!!
-Voilá le bail/Eis o contrato de aluguel.
-Não é aceito.
-Hydroquébec?
-Sim. Opa! Mais isso é o contrato. Só aceitamos faturas!
-Correspondência do banco?
-Hum....
-Fatura da Rogers?!?!?!?!
-Ahh! Essa é suficiente!
Ainda bem que eu ando bem municiado de papéis. Dá para alimentar uma cidade de traças. Assim como quando fui tirar o NAS, pude optar pelo(s) sobrenome(s) que irá/irão aparecer, já que se tratar de um documento de identidade. Optei por manter o padrão do NAS de usar apenas o último sobrenome, como a tradição local. Fiz um examezinho rápido de vista com uns losangos quadriculados onde tinhamos que responder em qual posição estava o diferente: en haut/em cima, en bas/em baixo, a gauche/à esquerda e a droite\à direita. A mulher explicou bem direitinho.
De lá, fui encaminhado para o guichê 14 para tirar uma foto. Quando nós menos esperamos, PUFFF!!!! Lá se foi o flash e pronto! De lá para a sala de exame.
O exame em "computador" pode ser feito em francês ou inglês. Em papel, tem espanhol, grego, árabe, italiano, e outros, mas não tem português, ao menos aqui em Québec. Coloquei computador entre aspas porque só tem 5 teclas e os desenhos e letras são bem parecidos com o que tínhamos nos primeiros videogames (dá-lhe Atari e Odissey!!!). Tem uma tecla para cada opção de resposta, de A a D, e um V para validar a resposta escolhida, que pode ser alterada até apertarmos o V. Se a resposta for errada, aparecerá um quadro piscando ao redor da resposta correta. São três grupos de perguntas denominados Securité routiére/Segurança rodoviária, Signalisation/sinalização e Spécialisation/Especialização (nem sei de que se trata!). Cada grupo tem respectivamente 16, 16 e 32 questões, podendo errar 4, 4 e 8 questões.
A pergunta de ensaio é safada: Em uma estrada, o que é proibido de ser transportado em uma casa reboque (tipo motor home)?
A) Animais;
B) Inflamáveis;
C) Pessoas;
D) Armas.
O Bom senso acusa logo os inflamáveis e as armas porque são mais ligados a perigo. Porém, a resposta correta é pessoas! Quem disse que tem cinto de segurança para elas em um treco desses?
Bom, quando começou valendo, já errei de cara a primeira questão! Caramba! Começei mal! Vai daqui, vai de lá e errei duas, por isso o primeiro grupo só teve 14 questões, já que não fazia mais diferença responder as últimas duas. Errei também duas no segundo grupo e quatro no terceiro. Pelas minhas contas, exatamente a metade do que poderia errar nas três mas, como não saiu resultado, ainda fiquei de suspense.
Então a funcionária deu os parabéns e disse que eu passei! Uuuhhuuuuu!!!!
Eu li o livro "Guide de la route" todo, que fala sobre as regras de trânsito de uma forma bem detalhada e por vezes, de forma monótona. Já o "Conduire un véhicule de promenade", minha fonte de emprésimos perdeu o rastro dele mas, como duas pessoas me disseram que não o leram e passaram, resolvi fazer o mesmo.
Bem, não existem  regras em relação ao que é necessário fazer para passar, logo, não me culpe se não passares! Cada um é cada um. O que eu posso dizer é que o entendimento do texto é muito importante, logo, o idioma ter uma boa influência. Outra coisa importante é o velho bom senso. Por exemplo: Eu via muito nos textos a palavra klaxonner/buzinar. Ora! Se não aparece nenhuma vez no livrão todo, então é porque não é recomendado fazer. Quando uma opção dizia que deveriamos klaxonner, eu já a eliminava de cara. Suspeitei pelo contexo que fosse buzinar e agora confirmei que é isso mesmo. O bom senso me indicou a resposta certa, por exemplo, sobre o que fazer quando o carro derrapa na pista escorregadia por causa da neve ou gelo. Isso deve estar no livro que não li.
No guichê seguinte, mas sempre sendo atendido logo e chamado pelo nome, optei pela carteira de aprendiz porque preciso dela para a tentativa de financiamento do carro (estória longa e que ainda não acabou. Aguardem!). 50$ em papel ou 60$ em plástico. Já saimos de lá com um papel que serve de documento, pois tem o número da carteira. Pelo que a moça disse e para a minha surpresa, a carteira brasileira ainda vai valer até o fim dos 3 primeiros meses.
Agora é marcar a prova prática para o mais cedo possível e mandar bala! Vamos lá que a luta continua.